Na
África, o orixá que reina nos oceanos é
Olokun e, segundo consta, é o pai de Yemonjá.
Ela, por sua vez, fixou seu reinado nos
lagos (de água doce e salgada), enseadas,
quebra mares e na junção entre rios e mares
(pororoca).
YEMANJÁ:Ye + omo + eja = mãe dos filhos
peixes, ou, Yèyé omo ejá (Mãe cujos filhos
são peixes). O cristal representa seu poder
genitor e sua interioridade (filhos contidos
em si mesma). Representa a gestação e a
procriação.
Em alguns mitos considera-se mulher de
Òrányàn (descendente de Oduá e fundador de
Oyó) de quem ela concebeu Sàngó (Ancestre
dicino da dinastia dos Àlàfin de Òyó).
A mãe dos orixás, esposa de Òrìnsànlá. No
Brasil é a deusa do mar, da água salgada,
enquanto na Nigéria, a deusa de um rio, e
orixá dos Egbá, onde existe o rio Yemoja.
Também a deusa do encontro das águas do rio
e do mar. A mais antiga é Iyá Sagba , que
quer dizer, a Mãe que passeia sobre as
ondas.
Lenda
Yemonjá, grande orixá das águas, era filha
de Olokun, o senhor dos oceanos. Era
possuidora de um grande instinto maternal,
que fez dela mãe de dez filhos. Embora
casada, não tinha grande apego por seu
marido. Às vezes, pensava em deixá-lo, mas
ele era um homem muito importante e
poderoso, e não permitiria tal desonra.Yemonjá
também pensava no bem-estar de seus filhos,
não podendo deixá-los desamparados.
Seu marido usava o poder com tirania,
inclusive com sua família, tornando a vida
dela insuportável. Ela não agüentava mais se
submeter aos caprichos de um homem que ela
desprezava.
Ela procurou seu pai para aconselhar-se
sobre a atitude que deveria tomar. No fundo,
ela já estava decidida a fugir, mas
precisava de seu apoio. Olokun não a
recriminou, pois ela era uma soberana e,
como tal, não poderia aceitar o jugo de
ninguém. Ele, então, deu à sua filha uma
cabaça com encantamentos, para que ela
usasse quando estivesse em perigo.
Yemonjá colocou seu plano em prática,
fugindo com todos os seus filhos. Quando ela
já estava bem longe de sua aldeia, viu que
estava sendo perseguida pelo exército de seu
marido. Pensou em enfrentá-los, mas eles
eram muitos e seria uma luta desleal.
Yemonjá odeia os confrontos, pela destruição
que causam, já que é um orixá propagador de
vida. Quando se sentiu acuada, resolveu
abrir a cabaça e pedir socorro ao seu pai.
Do seu interior escoou um líquido escuro,
que, ao tocar o chão, imediatamente formou
um rio, que corria em direção ao oceano. Foi
nessas águas que Yemonjá e seu povo
encontraram um caminho para a liberdade.
Fonte: Verger, Pierre; Orixás, Deuses
Iorubás na Africa e no Novo Mundo;
Currupio, Salvador, 1997.
Imagem jpg
Wav: Yemanjá Rainha do mar - Maria Bethânia
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