Oxum tem o poder do nascimento. Generosa e
digna Oxum é a Deusa das águas doces, reina
sobre os rios, a Orixá mais bela e mais
sensual da religião, é a própria vaidade,
dengosa, bondosa é a mãe que amamenta e que
ama seus filhos. Também divindade do ouro e
dos metais amarelos. O Ikodide é usado em
homenagem a Osun. Oxum é o amor não
importando suas dimensões. Ela representa a
fecundidade.
Nunca se pisa no mesmo rio portanto Oxum se
renova explicando as grande diferenças entre
suas qualidades. Mesmo quando guerreira Oxum
não deixa de ser vaidosa. Coquete e vaidosa,
foi a segunda esposa de Xangô, tendo vivido
anteriormente com Ogun, Orunmilá e Oxóssi.
Maternal, carinhosa e muito afeita às
crianças, amante da beleza e do adôrno.
Também é chamada de Iyálòóde, título
conferido à pessoa que ocupa o lugar mais
importante entre todas as mulheres da
cidade. Seus axés são pedras do fundo do rio
Oxum, jóias de ouro, no Brasil, pedras de
rio e adornos de metal amarelo. Genitora por
excelência, ligada particularmente à
procriação. Deusa das águas doces, reina
sobre os rios, também divindade do ouro e
dos metais amarelos.
Lenda
Conta a lenda que, em um tempo imemorial, o
rei Sangô, orisá escolhido por Osalá para
governar a terra e os outros deuses, tinha
diversas esposas. As duas mais importantes
eram Yansã, a Senhora das Tempestades, e
Osun, cujo domínio se estendia pelos rios,
lagos e cachoeiras. Certo dia, enciumada da
preferência de Sangô pela sua adversária;
Yansã decidiu vingar-se de Osun e, em um
raio intempestivo de cólera, investiu contra
a mãe das águas doces, quando esta se
banhava nua às margens de um grande lago,
tendo apenas um espelho entre as mãos.
Devido ao fato de não ser uma guerreira, mas
uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas
aos expedientes da Sedução e da Dissimulação
para se defender; Osun viu-se completamente
indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha
dos Raios. Osun, então, rezou a Osalá e, em
um instante mágico, percebeu que o Sol
brilhava forte nas costas de sua agressora.
Rapidamente, ela utilizou seu espelho para
refletir os raios solares de forma a cegar
Yansã. Ao saber da vitória de Osun, o rei
Sangô reafirmou sua preferência pela Senhora
das Águas, que além de mais bela e delicada,
provou ser também mais poderosa que a
Senhora das Tempestades.
Certa vez, numa festa de Oxalá, as
sacerdotisas dos vários orixás, com inveja
de Oxum, puseram-lhe um feitiço: quando
todos se levantaram para saudar Oxalá, ela
ficou presa na cadeira e suas roupas ficaram
sujas de sangue. Todos riram e Oxalá ficou
zangado. A sacerdotisa, envergonhada, tentou
se esconder, mas nenhum orixá lhe abriu a
porta. Só Oxalá a recebeu e transformou as
gotas de sangue em penas de papagaio.
Sabendo dessa magia, os outros orixás vieram
prestar homenagem a Oxum e Oxalá lhe deu a
proteção das filhas de santo, que durante a
iniciação passaram a usar uma pena vermelha
na testa.
Fonte:
Texto: Verger, Pierre; Orixás, Deuses
Iorubás na Africa e no Novo Mundo;
Currupio, Salvador, 1997.
Imagem: recebi sem autoria
Wav: Maria Bethânia
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